Aos 8 anos de idade Adeline começou a emagrecer. Emagrecia rápidamente, a olhos vistos e acabou por perder 5 kg em uma semana. Para ela que pesava apenas 28 kg isso era terrível, parecia que minha filha estava definhando e ia sumir.
Mais grave era o fato que apesar de estar emagrecendo, ela demonstrava um apetite e uma sede dignos de um leão. Houve um dia em que ela tomou 3 copos de vitamina de abacate no café da manhã. Tomava copos e mais copos de água e estava sempre com fome e sede.
Pior que isso, chegava da escola, empanturrava-se de comida e água e depois caía na cama, adormecendo quase que em seguida num sono profundo que para mim, que ficava contemplando-a enquanto dormia parecia o sono da morte.
Após a perda pronunciada de peso levei-a ao médico, e como mãe sempre penso no pior, porque acho que depois de torturar-me com o pior, qualquer outra coisa que venha depois será até um consolo. Pois eu estava convicta de que ela tinha leucemia, portanto fui logo pedindo ao médico que solicitasse um exame de sangue.
O exame deu negativo, ela não tinha leucemia, mas aí minha atenção se voltou para outra doença: o diabetes, cujos sintomas coincidiam com os que ela vinha apresentando.
Nem me importei de levá-la ao clínico geral, no laboratório mesmo pedi que realizassem um exame para diabetes, e antes que o resultado saísse eu liguei para um endocrinologista que tratava a filha de um amigo que era diabética e marquei consulta.
Assim que o resultado saiu - e deu positivo - pegamos o carro e a levamos em estado semi-comatoso para o médico. O médico era em Marília e até chegarmos lá ela oscilou entre a semi-consciência e a letargia.
Ela só foi ver a cara do médico na segunda consulta porque dessa primeira vez não se lembra de nada. Segundo o médico, uma hora mais e ela entraria em coma, talvez irreversível.
A partir daí e nos anos que vieram tivemos que aprender - ela e nós - como conviver com a doença de forma que ela tivesse uma vida o mais normal possível. Para mim aquilo tudo parecia um pesadelo, e eu não sabia quão doloroso poderia ser, mas estava apenas começando.
(zailda mendes)