Acho que depois da aceitação da doença o pior foi explicar à Adeline (que tinha só 8 anos) que ela não poderia mais comer quase nada do que gostava. Logo as enxeridas de plantão começaram a matraquear que eu teria que tirar todos os doces de casa para que ela não "caísse em tentação". Eu achei aquilo um absurdo, a diabética era ela e seria muito mais penoso privar todo mundo em casa de algo que todos gostávamos.
Optei pela sinceridade, expliquei a ela que de agora em diante tudo o que comesse seria contado e medido e só poderia comer o que era permitido, da forma autorizada e na quantidade própria para a dieta dela. Expliquei que nós comeríamos doces normalmente e ela teria que se acostumar, porque no mundo todo as pessoas continuariam deliciando-se com guloseimas e ela teria que aprender a afastar-se delas.
Deu certo, sempre que podia eu comprava o "normal" para nós e o "diet" para ela, mas quando não era possível ela comia uma fruta ou algo assim e nós continuávamos a comer da forma que sempre coméramos.
Acho que fiz a coisa certa porque sempre haverá gente comendo doces e outras coisas "proibidas" para diabéticos, dessa forma ela aprendeu a controlar-se e a entender que ELA era diabética, mas o resto do mundo não.
(zailda mendes)